Não basta apenas acreditar para que as coisas aconteçam

A vitória de um candidato sobre um sistema político que vinha comprometendo há décadas o desenvolvimento e crescimento de um país é o exemplo das transformações que podemos fazer quando voltamos a acreditar em outras possibilidades de ordem social e econômica. Isso só foi possível porque houve uma polarização clara no decorrer do processo eleitoral que evidenciou símbolos capazes de demarcar diferenças entre os grupos em contenda direta e contrapor suas análises de realidade e conduta moral.

Enquanto o candidato vencedor cravou sua bandeira contra a corrupção, apontando a natureza maléfica do adversário de tentar acobertar os maus feitos dos seus correligionários e afundar o país, devido a essa mesma postura criminosa (da apropriação indébita dos recursos da sociedade), suavizada com discursos ideológicos, o derrotado, quando estava perdendo o controle do jogo, resolveu estampar no concorrente a pecha de autoritário, antidemocrático e até nazista.
Como todos nós sabemos, o cansaço da sociedade e o fator Sérgio Moro ajudaram imensamente a separar o joio do trigo e a maioria dos eleitores soube fazer a melhor escolha, afastando de imediato da cena de poder não apenas os adversários diretos como tantos outros políticos tradicionais vistos como inadequados para dar suporte à mudança almejada. Mudança, por sinal, que começa a ser desenhada mesmo antes da posse dos novos representantes da sociedade, eleitos democraticamente.
Nas empresas não é diferente. Quando todos estão envolvidos com a causa e acreditam na conduta clara, transparente, honesta, justa das lideranças, os objetivos parecem ficar mais acessíveis. Para isso é fundamental traduzir o movimento em símbolos compreensíveis, evidenciando o que está acontecendo e qual o melhor caminho a seguir. A adesão da equipe é natural, bem como ficará claro também os que não estão dispostos a aceitar as mudanças.
Por isso, as lideranças, antes de tudo, têm de se renovar e se preparar para o que virá, fazendo suas análises de conjuntura e refletindo profundamente se de fato são capazes de comandar essa transformação e quais os símbolos devem evidenciar. A retomada da confiança da equipe para garantir um novo cenário à gestão é fundamental, mas nada ocorre sem uma comunicação adequada, rápida, eficiente e, acima de tudo, sincera.
Com tanta tecnologia e recursos disponíveis, é possível fazer uma travessia, mesmo que dolorosa, sem grandes traumas. Mas não se pode perder o foco e a insistência em aspectos que gerem otimismo e sejam agregadores. Vivemos esse momento em que seguir valores universais é o grande fator transformador da realidade. Aproveitar essa oportunidade exige, porém, a certeza de estar no lado certo.