Potencial x Expectativas

Gosto de usar referências futebolísticas nos textos sobre desempenho corporativo, porque entendo mesmo que toda equipe precisa estar entrosada para o jogo fluir bem e os resultados serem os melhores possíveis. Claro que ter um craque no time ajuda e muito. Mas é ingênuo pensar que ele vai decidir a partida sozinho. Quantas disputas já assistimos em que a estrela do time que admiramos fica perdido na linha de frente, sem articulação com seus companheiros, e por isso pouco pode fazer para superar o clima de marasmo ou livrar seu time da derrota?

Mesmo que por sorte a bola chegue redonda ao pé do craque, é uma excepcionalidade ele estar em condições de se livrar do zagueiro e fazer o gol esperado por todos. Na maioria das vezes ele precisa ainda de um suporte, uma tabelinha, antes da finalização. Essa articulação depende da equipe unida e treinada. Só boa vontade do grupo também pouco ajuda se não houver preparação técnica e tática. Ou seja, muito treino e um bom técnico.

Esse entrosamento vale para o mundo corporativo. Há a pessoa que se destaca no dia a dia da equipe e o técnico/gestor a promove visando aproveitar suas potencialidades. Mas se esquece de avisar toda a equipe e de prepará-la para as mudanças, fazer os ajustes nas atividades, enfim. Além de que, esse potencial percebido só trará resultados no médio e longo prazo, porque as bases conceituais e estruturais para o seu bom desempenho precisa ser bem definidas e articuladas, quando não criadas e testadas.

É um projeto de futuro, que se não for consolidado, as expectativas podem dar lugar a frustrações. Retornando ao campo, vale recuperar aquela máxima de Zico, ao ser questionado sobre o fato de acertar gol de pênalti é ou não questão de sorte. “Pode até ser uma questão de sorte. Mas uma coisa é certa, quanto mais eu treino mais pênalti eu acerto”. No campo empresarial é a mesma coisa. O treinamento minucioso e persistente, tecnicamente elaborado, leva sempre uma equipe pé no chão e arrojada a se tornar uma equipe de sucesso.