Como planejar com tantas incertezas?

Temos observado neste espaço que em qualquer momento crítico da economia há sempre setores que acabam sendo privilegiados e outros, prejudicados, a depender dos fatores que geraram a crise e da habilidade profissional do empreendedor para identificar o problema e superá-lo, criando novas oportunidades. Com a carne bovina em alta, por exemplo, o frango vende mais, o que exige um reposicionamento das granjas, para aumentar a produção, e dos açougues, para ajustar seus produtos ofertados. Enquanto as churrascarias perdem clientes por causa da espetada no preço da costela. Mas essas variáveis são até corriqueiras diante do problemaço que estamos vivemos no mundo em decorrência da pandemia da Covid-19. Ninguém imaginava que essa praga fosse se estender por tanto tempo e só nos resta refletirmos sobre as possibilidades de mantermos nossos negócios vivos nessa travessia.

Setores que aglomeram estão todos abatidos com o avanço do contágio da doença, porque foram obrigados a interromper o funcionamento desde o início da pandemia. Bares e restaurantes estão fechando aos montes por falta de capacidade de resistência financeira nesse período de mercado em retração acentuada, e o serviço via delivery nem sempre dá o resultado necessário para pagar as contas, mas é uma saída que precisa ser intensificada. Farmácias e supermercados, por sua vez, por serem considerados essenciais, continuam faturando, mesmo assim, com queda na receita. Ou seja, há setores com fôlego para resistir, outros, estão na rua da amargura. Mas o que de fato deve ser feito para evitarmos o pior em um cenário de incertezas, em que a regra número zero é sobreviver?

Quem ficar parado esperando Godot, dança, e não tem para quem reclamar. Nesse sentido, é preciso construir cenários diversos que ampliem as possibilidades interpretativas da realidade, facilitando assim a descoberta de novos modelos de ação. Os especialistas apontam pelo menos três caminhos que ajudam. O primeiro é mesmo a adaptação digital e a venda virtual. De uma maneira ou outra, os aplicativos e demais sistemas de venda online vieram para ficar e investir nessas ferramentas é investir no futuro. Mas exigem também conhecimento, porque senão se desperdiça dinheiro com estratégias erradas. É sempre bom ter a assessoria de um especialista para não entrar em furada.

Vem sendo falado muito também em venda consultiva, que seria uma forma de customizar as vendas atendendo o cliente com o produto certo, que ele de fato precisa e na quantidade certa. Porque ninguém mais trabalha com estoque, por gerar custos e o mercado está recessivo. O caminho então é o suprimento em real time. Mas para suprir essas empresas é preciso de informações inteligentes e até ajudar o seu potencial cliente no entendimento dessa possibilidade. Ou seja, trata-se de um trabalho integrado na cadeia produtiva em que o empreendedor atua e depende de diálogo e parcerias estratégicas.

Finalmente, não adianta arriscar no desconhecido, o foco é sempre o core business, ou seja, aquilo que você sabe fazer de melhor. Sua equipe precisa continuar trabalhando com segurança e estar perseverante. Nessa turbulência até os velhos critérios de avaliação de produtividade devem ser ajustados, a considerar a mudança na jornada e novos meios de venda. Tudo isso continua a exigir indicadores corretos e precisos para medir o que está acontecendo no mercado e evitar decisões bruscas, que podem piorar ainda mais o quadro. O empreendedorismo está em alta por causa dos novos desafios. O momento é de aprendizado para todos.